quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Madrugada de Alfama

"Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada,
mas ela, de tão estouvada
nem sabe como se chama.


Mora numa água-furtada
que é a mais alta de Alfama
e que o sol primeiro inflama
quando acorda à madrugada.
Mora numa água-furtada
que é a mais alta de Alfama.


Nem mesmo na Madragoa
ninguém compete com ela,
que do alto da janela
tão cedo beija Lisboa.


E a sua colcha amarela
faz inveja à Madragoa:
Madragoa não perdoa
que madruguem mais do que ela.
E a sua colcha amarela
faz inveja à Madragoa.


Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada;
são mastros de luz doirada
os ferros da sua cama.


E a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa,
é como a estatua de proa
que anuncia a caravela,
a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa."

Amália Rodrigues

1 comentário:

  1. Bem... a tua máquina está a ter uma estreia em grande com estas óptimas fotos que tens publicado por aqui!

    Desta sessão... a minha preferida é a 2ª! Gosto imenso destas "perspectivas diferentes" e aproveitamento de elementos do local para formar molduras/enquadramentos!

    Agora tens é que manter o ritmo (e qualidade) dos posts aqui no blog! :p

    ResponderEliminar